Florianópolis recebe mostra inédita de cinema açoriano

16/06/2015 15:37

A imigração açoriana no litoral de Santa Catarina, no século 18, deixou um rico legado na arquitetura, nas artes e nos modos de vida da população de Florianópolis. Ampliando o intercâmbio cultural com o arquipélago português, a cidade recebe uma mostra inédita de cinema açoriano, que inclui os filmes Partilha-O Império de João do Bom e o Livreiro de Santiago. A exibição acontece nesta sexta-feira (19), às 19 horas, e no sábado (20), às 16 horas, na Casa da Memória, com entrada franca.

Realizado pelo Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal de Santa Catarina (NEA/UFSC), em parceria com a Secretaria de Cultura de Florianópolis, o evento contará com a presença dos cineastas Tiago Rosas e José Medeiros, que participam de conversa com o público após as sessões. A dupla está retornando do 17º Festival de Cinema Europeu, realizado no Chile, onde o filme O Livreiro de Santiago foi exibido.

A mostra em Florianópolis pretende apresentar um pouco da produção audiovisual que está ganhando força nos Açores. Além de participação em festivais da Europa, o cinema açoriano também vem sendo fomentado com a realização de eventos locais, que contribuem para divulgar a produção artística no arquipélago e criar espaços de debate e reflexão sobre o fenômeno das migrações e da interculturalidade.

Alma açoriana

Marcado pela religiosidade, o documentário Partilha -O Império de João do Bom, dirigido por Tiago Rosas, com participação de Zeca Medeiros, será apresentado na sexta-feira (19), às 19 horas. Em 85 minutos, o filme mostra a Festa do Divino Espírito Santo na localidade de João do Bom, no Pilar da Bretanha, na Ilha de São Miguel, abrangendo desde os preparativos até o encerramento dos festejos com a cerimônia de coroação do imperador.
O documentário retrata o envolvimento popular na realização da festa, que é uma das manifestações mais expressivas dos Açores, e que foi introduzida em Florianópolis pelos imigrantes açorianos, em 1748. Na capital catarinense a tradição é mantida em 14 comunidades, formando um ciclo festivo que vai de maio a setembro.
No sábado (20), o público poderá conferir a história do primeiro editor do escritor Pablo Neruda, no longa-metragem O Livreiro de Santiago, dirigido por Zeca Medeiros. Com uma hora e meia de duração, o filme traz no elenco, entre outros atores, o próprio Medeiros e a atriz Maria do Céu Guerra, que participou do Floripa Teatro – Festival Isnard Azevedo, promovido pela Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes em 2012.
Baseado em uma história real, O Livreiro de Santiago relata a saga de Carlos Jorge Nascimento, considerado um dos maiores incentivadores da literatura chilena o século 20. Açoriano, nascido na pequena Ilha do Corvo, ele deixou a terra natal em 1905, aos 20 anos, para ganhar a vida na caça às baleias. Por diversas circunstâncias, o corvino acabou chegando ao Chile, onde foi morar com um tio, de quem acabou comprando uma antiga livraria. Apaixonado pelo trabalho, editou o primeiro livro do ainda desconhecido escritor Pablo Neruda. Mais tarde, em 1971, o poeta chileno conquistou o Prêmio Nobel de Literatura.

O quê: Mostra de Cinema Açoriano
Quando: sexta-feira (19) – 19 horas
Exibição do filme “Partilha – O Império de João do Bom”, de Tiago Rosas

sábado (20) – 16 horas
Exibição do filme “O Livreiro de Santiago”, de José Medeiros
Onde: Casa da Memória de Florianópolis
Rua Padre Miguelinho nº 58 – Centro
(48) 3333-1322
Quanto: gratuito

Sobre José Medeiros

Natural da Ilha de São Miguel, nos Açores, José Medeiros é músico, ator, compositor e diretor de cinema. Conhecido no meio artístico como Zeca Medeiros, iniciou a carreira na música a bordo do navio Funchal, que fazia a ligação marítima entre as ilhas dos Açores e da Madeira. Tem vários discos lançados e algumas premiações na música, entre elas, o Prêmio Açores Música 2006.
Zeca Medeiros trabalhou na Rede de Televisão Portuguesa (RTP) em Lisboa por quase três décadas, onde passou por várias funções. Com a chegada das transmissões de TV aos Açores, retornou à terra natal onde passou a desenvolver projetos audiovisuais. Entre suas obras destacam-se as séries “Mau Tempo no Canal”, “Xailes Negros”, “Balada do Atlântico”, “O Barco e o Sonho”.

Sobre Tiago Rosas

Webdesigner por formação, Tiago Rosas é fundador da empresa Anfíbios – Atelier de Soluções Informáticas, e também do Açores primeiro portal de divulgação do arquipélago na internet. A partir desse e de outros trabalhos, teve contato com a linguagem do cinema e se apaixonou pelo universo da animação. Atualmente escreve textos para séries de televisão e atua também em produção e direção de filmes de animação, documentário e ficção.
Um dos seus trabalhos, o curta de animação “História dos Açores” foi premiado em 2013 no II Panazorean Film Festival, realizado em Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel. Recentemente, produziu o longa-metragem Raízes. Além do cinema, Tiago atua na área de fotografia, tendo realizado vários trabalhos em parceria com José Medeiros.