19ª Festa da Cultura Açoriana de Santa Catarina São Francisco é o cenário da tradição açoriana no Estado

24/08/2012 15:18

Um total de 46 apresentações de folclore, dança, música, artesanato, religiosidade e gastronomia terá lugar de 31 de agosto a 2 de setembro, no Centro Histórico da cidade.

De 31 de agosto a 2 de setembro, a bela e histórica São Francisco do Sul, berço da colonização açoriana, será o palco das manifestações culturais e folclóricas mais representativas de todo Estado. Às 18 horas de sexta-feira (31), na Praça da Gastronomia Açoriana, inicia o 19º Açor, a maior Festa da Cultura Açoriana do Brasil. Durante três dias, o evento vai reunir, no Centro Histórico de São Chico, com entrada franca, uma mostra do que há de mais autêntico da cultura açoriana no folclore, artesanato, gastronomia e religiosidade.

 

 

Um total de 55 instituições culturais, 38 grupos folclóricos e sete cantorias do Divino Espírito Santo estão desde o final do 18º Açor, ocorrido no município de Sombrio no ano passado, se mobilizando para a festa. Promovida pela Secretaria de Cultura da UFSC, em parceria com a Santur e Governo dos Açores, a Festa Açoriana de Santa Catarina acontece a cada ano em uma cidade diferente do litoral catarinense escolhida pelo conselho consultivo do Núcleo de Estudos Açorianos da SeCult, que realiza o evento.

Este ano, mais de 46 apresentações folclóricas e três shows musicais constam da programação, que pode ser conferida no site www.nea.ufsc.br. Também estão programadas exposições, apresentações folclóricas, oficinas e exibição de documentários gravados em Santa Catarina e nos Açores. Os foliões serão recepcionados em um grande pavilhão onde funcionará uma praça de alimentação para oferta de pratos da culinária açoriana e uma área com 38 Estandes Culturais apresentando o artesanato regional de influência açoriana de 22 municípios e 33 instituições do litoral catarinense. Nesse espaço, artesões vão produzir ao vivo e comercializar suas peças.

As escolas do município, que desenvolveram durante todo o ano conteúdos e atividades pedagógicas em torno da imigração e do seu legado no litoral, também vão mostrar os resultados alcançados. Elas farão exibições de dança folclórica, brincadeiras infantis e participarão do desfile de abertura. O envolvimento dos jovens estudantes faz com que o trabalho em prol da cultura açoriana não termine com a festa. “Mobilizamos mais de 20 escolas da cidade na preparação do Açor, o que significa que estamos ajudando a criar um processo de valorização da herança cultural”, avalia o coordenador do NEA, Joi Cletison.

Na estreia, no dia 31, após a abertura dos estandes, das exposições temáticas e da visita das autoridades aos estandes culturais, haverá apresentações folclóricas das 21 às 23 horas. O show musical Grupo Gente da Terra, de Florianópolis, fará o encerramento. Em seguida, a Música no Mercado Público começa à meia noite e só para às 2 horas da madrugada. No sábado, dia 1º de setembro, às 10 horas, na rua Babitonga, no centro da cidade, grupos de cultura açoriana farão o grande desfile folclórico. Às 20 horas, o grupo Cantadores de Engenho se apresenta no Espaço da Fundação Cultural de São Francisco, no Píer Turístico e às 23 horas, a Banda Tarrafa Elétrica, de Itajaí, encerra a noite de sábado com um grande show. No domingo, às 10 horas, na Igreja Matriz, está previsto o esperado Encontro das Bandeiras do Divino Espírito Santo. Estão confirmadas seis cantorias (folias) e 15 bandeiras do Divino Espírito Santo de vários municípios para cantar e tocar durante a missa.

Entre as exposições estão “Açores”, com cenas do folclore, gastronomia e costumes de várias ilhas do arquipélago açoriano fotografadas por Joi Cletison em suas viagens de pesquisa. O fotógrafo português Mauricio de Abreu também participa com a exposição “Os Açores”, que mostra imagens das freguesias rurais do Arquipélago dos Açores.

O AÇOR já foi realizado nas cidades de, Imaruí, Imbituba, Penha, Içara, Porto Belo, Garopaba, São José, Araquari, Tijucas, São Francisco do Sul, Barra Velha, Laguna, Governador Celso Ramos, Itajaí, Palhoça e Sombrio. O Núcleo de Estudos Açorianos da UFSC não perde de vista um de seus grandes objetivos ao criar a festa: “Queremos em breve ter no litoral de Santa Catarina um corredor turístico-cultural com várias festas apresentando a nossa história e, principalmente, a cultura popular”, relembra Joi. Atualmente o NEA atua em 46 municípios do litoral de Santa Catarina, promovendo palestras, cursos, exposições e desenvolvimento de pesquisas que buscam preservar e divulgar a produção cultural açoriana.

 

Promoção

Universidade Federal de Santa Catarina (Secretaria de Cultura da UFSC)

Realização

Núcleo de Estudos Açorianos da UFSC

Apoio Cultural

Direção Regional das Comunidades/Governo dos Açores/Santur/Agecom/UFSC.

A programação Completa do 19º AÇOR:

www.nea.ufsc.br

Fotografias para divulgação: http://ftp.identidade.ufsc.br/Fotos_Divulgacao_19ACOR_SFranciscodoSul_2012.zip
Mais informações:

Núcleo de estudos Açorianos/UFSC (48) 3721.8605

Fundação Cultural Ilha de são Francisco do Sul (47) 3444.6161

www.nea.ufsc.br

 

Por Raquel Wandelli

raquelwandelli@yahoo.com.br

3721-9459 e 9911-0524

Tags: 19º AÇOR2012São Francisco do Sul

Incentivadores da cultura açoriana recebem troféu da UFSC durante o Lançamento da 19º Festa Açoriana de SC

06/08/2012 12:38

Cerimônia no dia 16 de agosto em São Francisco do Sul abre os preparativos para o lançamento da 19ª Festa da Cultura Açoriana em Santa Catarina, a maior do gênero no País.

O Centro Histórico de São Francisco do Sul, no litoral norte de Santa Catarina, será o cenário para a realização da maior festa açoriana do país, o AÇOR, que já caminha para a 19ª edição. Promovida pela Universidade Federal de Santa Catarina e Prefeitura Municipal de São Francisco, a festa vai mobilizar toda a comunidade de base açoriana do Estado do dia 31 de agosto até 2 de setembro. Os preparativos, contudo, já começam no dia 16 de agosto, com a entrega do Troféu Açorianidade 2012 e o lançamento da 19ª Açor.

Às 19:30 horas, no  Clube 24 de Janeiro, na Rua Babitonga, em uma cerimônia cultural e gastronômica, os agraciados serão homenageados por seu esforço e atuação em prol do desenvolvimento da pesquisa, preservação e divulgação da cultura açoriana em Santa Catarina, explica Joi Cletison, coordenador do Núcleo de Estudos Açoriano da Secretaria de Cultura da UFSC. O NEA é responsável pela realização do evento em conjunto com a Fundação Cultural Ilha de São Francisco e com apoio do Governo do Açores e Secretaria Estadual de Turismo (Santur).

Criada em 1996, a distinção reverencia todos os anos 10 personalidades, cada uma com um troféu alusivo ao nome de uma Ilha do Arquipélago Açoriano: São Miguel, Pico, Terceira, São Jorge, Graciosa, Santa Maria, Faial, Corvo, Flores. O último troféu leva o nome da Ilha de Santa Catarina, chamada carinhosamente de 10ª Ilha Açoriana. Os nomes dos homenageados são indicados e aprovados por votação pelo Conselho Deliberativo do NEA, integrado por 58 instituições (prefeituras, universidades e fundações culturais) com sede no litoral de Santa Catarina que têm a preocupação de preservar os traços da cultura açoriana. Há dois anos, mais duas condecorações são conferidas, o 11º “Troféu Açorianidade Especial” e O 12º troféu, entregue, como de costume, ao município sede da Festa Açoriana. Eleito por concurso público, o design da estátua é de criação do artista plástico João Aurino Dias (Dão).

Estandes, gastronomia, exposições fotográficas, mostra de vídeos, apresentações culturais, palestras e lançamentos de livros, fazem do Açor a maior e mais diversificada festa da cultura açoriana no País. Com entrada gratuita e aberta ao público, a festa tem o objetivo de mostrar o que há de mais autêntico e original de cultura açoriana no folclore, artesanato, danças, gastronomia e religiosidade. Sob um grande pavilhão com estandes culturais, 30 municípios e instituições do litoral de Santa Catarina vão apresentar e comercializar o seu artesanato de referência regional açoriana. Centenas de artesãos vão produzir e comercializar suas peças em frente ao público prevê o coordenador do evento, Joi Cletison.

Nos três dias de festa serão mais de 45 apresentações folclóricas e três shows musicais no encerramento das noites dos dias 31 de agosto, 1 e 2 de setembro. No dia 1º de setembro, às 10 horas, na Baia da Babitonga, na altura do Centro Histórico, ocorrerá o esperado Desfile Folclórico dos Grupos participantes da festa. No Domingo dia 2 de setembro, às 9h30min, na Igreja Matriz, os participantes celebram a Missa do Encontro das Bandeiras do Divino Espírito Santo, com a participação de seis cantorias e 15 bandeiras do Divino Espírito Santo de vários municípios. Nos três dias uma praça de alimentação oferecerá ao público a oportunidade de saborear os quitutes e pratos típicos da culinária do litoral catarinense enquanto assiste às apresentações folclóricas e aos shows das bandas.

As cidades de Itajaí, Imarui, Imbituba, Penha, Içara, Porto Belo, Garopaba, São José, Araquari, Tijucas, São Francisco do Sul, Barra Velha, Laguna, Governador Celso Ramos, Palhoça e Sombrio já foram sede da Festa Açoriana.

Mais informações: fones 48 3721-8605 ou 47 3444.6161 e www.nea.ufsc.br

 

RELAÇÃO DOS AGRACIADOS COM TROFÉU AÇORIANIDADE 2012

Troféu Açorianidade 2012 – Ilha Terceira

Grupo Folclórico

Mastro de São Sebastião de Ipapocoroy – Penha

 

Troféu Açorianidade 2012 – Ilha do Pico

Veículo de Comunicação

Rádio CBN Diário

Troféu Açorianidade 2012 – Ilha do Faial

Administração Municipal

Prefeitura Municipal de Palhoça

Troféu Açorianidade 2012 – Ilha São Jorge

Personalidade

Clair Hans Fermiano

Troféu Açorianidade 2012 – Ilha São Miguel

Instituição de Ensino Superior ou Cultural

 Ass. Ecomuseu do Ribeirão da Ilha – Fpolis

Troféu Açorianidade 2012 – Ilha Graciosa

Pesquisador

 Andréia Oliveira – São Francisco do Sul

Troféu Açorianidade 2012 – Ilha das Flores

Artista Plástico

 Elias Andrade – Florianópolis

Troféu Açorianidade 2012 – Ilha do Corvo

Artesão

Newton Souza – São José

Troféu Açorianidade 2012 – Ilha de Santa Catarina

Escola de Ensino Fundamental ou Médio

E.B. Profª Judith Duarte de Oliveira – Itajaí

Troféu Açorianidade 2012 – Especial

Jussara Bayer – Florianópolis

Troféu Açorianidade 2012 – 19º AÇOR

19 ª Festa da Cultura Açoriana de Santa Catarina

Raquel Wandelli
Jornalista na Secretaria de Cultura da UFSC (SeCult)
99110524 e 37219459
raquelwandelli@yahoo.com.br
www.secult.ufsc.br

Tags: 19º AÇOR2012Troféu Açorianidade

Núcleo de Estudos Açorianos participa do Congresso Internacional de Festas do Divino Espírito Santo com palestra e exibição de documentário sobre a tradição

30/05/2012 12:04
Procissão do Divino Espírito Santo

Procissão do Divino Espírito Santo

Portugal, Açores, Brasil, Uruguai, Estados Unidos e Canadá. Em todos esses lugares povoados por açorianos ou por ondecaminhou a diáspora açoriana, junho é mês de celebração do culto ao Divino Espírito Santo. Mas fora de Portugal, em nenhum outro lugar do mundo essa festa pagã e religiosa é tão ricae intensamente cultuada quantoem Santa Catarina. Paramostrar aos outros países de colonização açoriana como essa celebração se perpetua no litoralcatarinense, o Núcleo de Estudos Açorianos da Secretaria de Cultura da UFSC participa do VI Congresso Internacional das Festas do Espírito Santo com uma palestra e a exibição de um documentário sobre a práticado ritual. O congresso ocorre em Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores, de31 a2 de junho de 2012.

Do peditório e das novenas, à coroação do plebeu e aos cortejos, a Festa do Divino Espírito Santo é a expressão mais viva do misticismo cultural açoriano, onde o sagrado e o profano se encontram e onde as classes sociais se igualam por pelo menos três dias.  Criado pelo próprio NEA, em Florianópolis, no ano de 1999, o Congresso Internacional das Festas do Espírito Santo foram realizados na seqüência em Açores;em Porto Alegre, no Brasil e na Califórnia, nos Estados Unidos, com uma periodicidade bianual e deve retornar a Florianópolis dentro de dois anos.

No congresso, o historiador e coordenador do NEA, Joi Cletison, falará sobre a experiência do Núcleo na recuperação da memória das Festas do Espírito Santo na cidade de Sombrio a partir da promoção da 18º Festa da Cultura Açoriana de Santa Catarina (Açor), em outubro de 2011. Como atividades preparatórias para a realização do Açor, o NEA promoveu palestras, encontros e debates em todas as escolas do município de Sombrio, motivando a comunidade para a preservação e valorização da herança açoriana. A partir daí, os alunos da Escola Municipal Nadir Bratti recuperaram junto a seus pais e avós a memória da Festa do Divino Espírito Santo, que não era mais realizada desde a década de 60. “Através desse trabalho, conseguimos rearticular um grupo de Folia do Divino, com a promessa de que a festa voltará a ser realizada no próximo ano”, conta Cletison. O resultado final será mostrado na palestra: um conjunto decartilhas individuais ilustradas pelos estudantes relatando a história coletada com os antepassados.

Já na cidade de Garopaba, também no litoral catarinense, a comunidade do Morro da Encantada realiza a novena para o Divino Espírito Santo há dezenas de ano dentro de um engenho de fabricar farinha de mandioca. Essa experiência religiosa e cultural cercada de mistérios será apresentada pela estudante de sociologia da UFSC e de Nutrição da Unisul Jeovana Tatiana Kviatkoski. Tatiana também vai representar Santa Catarina no evento com a exibição do documentário “Sancti Spiritus in vias Encantadas”, de 18 minutos, que ela dirigiu para o NEA, com participação de Cletison na pesquisa. “Durante a condução do ritual, o rezador usa termos de um português arcaico e reza vários trechos em latim”, relata Tatiana, pesquisadora entusiasta dessa manifestação e autora de diversos outros documentários sobre a cultura açoriana.

Procissão do Divino Espírito Santo

Procissão do Divino Espírito Santo

Para as comunidades açorianas mais tradicionais, a Festa do Divino é um acontecimento religioso tão ou mais importante que o próprio Natal. O vídeo mostra os objetos utilizados pelos festeiros durante as celebrações e os cortejos, como as alfaias que cobrem a imagem do Espírito Santo, a coroa, o cetro, a salva, a bandeira, bordões, velas, estandartes, além dos instrumentos musicais, como o tambor e a rabeca, usados nascantorias do Divino. Tantoem Santa Catarinaquanto nos Açores, as festas são realizadas no mês de junho, em comemoração ao Petencostes (cinqüenta dias após a ressurreição).

A riqueza da indumentária, dos trajes de imperadores-mirins, e a ostentação da Bandeira do Divino Espírito Santo, o maior símbolo da manifestação, expressam bem a importância simbólicadessa cerimônia, que dura 50 dias, incluindo os rituais preparatórios e três dias de festa propriamente dita. Tudo inicia com as novenas preparatórias, o peditório da passagem decasa emcasa das comunidades e irmandadescarregando a imagem do Espírito Santo. O ritual prossegue com os cortejos,cantorias, missas, os leilões de prendas arrecadadas, bailes, folias e comilanças até a coroação do plebeu e a eleição do festeiro para organizar o evento do ano seguinte.

 

ORIGEM HISTÓRICA

Criada pelo abade Joaquim de Fiori, a Teoria do Espírito Santo, que deu origem a esse ritual, foi introduzido no século XII, na Itália. Como a celebração fracassou em sua terra natal, o religioso a trouxe para Portugal. O ritual herdado dos açorianos passou por muitas atualizações, como a cobrança dos pratos e quitutes produzidos pela comunidade em favor da Igreja. “Em Açores, toda a comida arrecadada continua sendo distribuída graciosamente como símbolo de celebração e partilha do alimento”, diz Cletison.

No arquipélago dos Açores, as esculturas comestíveis de partes do corpo (mãos, pés, braços, cabeça, coração) que são oferecidas pelos beneficiados de uma graça divina em gesto de retribuição são moldadas em alfenim, uma mistura doce feita de açúcar, trigo e limão. Já no litoral catarinense, os moldes ganham corpo em massa sovada de pão.
Tanto lá quanto cá permanecem elementos marcantes, como a coroação do plebeu, o ponto alto da festa, quando um religioso transfere para alguém da comunidade a coroa, pela qual recebe o poder real e divino de mediar o destino do seu povo. O gesto significa que a comunidade não precisará de um monge nem de um sacerdote para guiá-la, pois as hierarquias foram suspensas e todos estão em condições de igualdade em um momento de conflito bélico, por exemplo, o que lembra muito os rituais pagãos do Carnaval.
Raquel Wandelli
Jornalista na Secretaria de Cultura da UFSC (SeCult)
99110524 e 37219459

Tags: 2012Açorescongresso