Programação do XVI Congresso Brasileiro de Folclore
Clique aqui para realizar o download da Programação Completa – XVI Congresso Brasileiro de Folclore – 2013
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O Coordenador do Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) da UFSC, Joi Cletison Alves, estará em missão oficial na cidade portuguesa de Angra do Heroismo (Açores) representando o Brasil durante a realização do Congresso Mundial de Folclore nos Açores – Comunidades e Lusofonia, de 6 a 11 de junho de 2013.
Estreitar os laços de amizade por meio da criação de uma rede social e cultural aliada a iniciativas para fomentar a troca experiências entre os falantes da língua e cultura portuguesas. Este é o objetivo principal do evento.
O Coordenador do NEA vai proferir a palestra O folclore Açoriano no litoral de Santa Catarina. A atividade acontecerá no dia 08 de junho e, na ocasião, ele irá apresentar um paralelo entre a cultura açoriana e a predominância do açoriano sobre os demais elementos componentes da formação cultural de Florianópolis, como de resto em todo o litoral de Santa Catarina.
Serviço:
Congresso Mundial de Folclore nos Açores – Comunidades e Lusofonia
Dia: de 06 a 11 de junho
Local: Praia da Vitória e Angra do Heroísmo, Ilha Terceira,/Açores/Portugal
Baixe o Programa Previsto congresso açores
Informações: secult@contato.ufsc.br – Fone: 3721 2376 / 3721 8605
Portugal, Açores, Brasil, Uruguai, Estados Unidos e Canadá. Em todos esses lugares povoados por açorianos ou por ondecaminhou a diáspora açoriana, junho é mês de celebração do culto ao Divino Espírito Santo. Mas fora de Portugal, em nenhum outro lugar do mundo essa festa pagã e religiosa é tão ricae intensamente cultuada quantoem Santa Catarina. Paramostrar aos outros países de colonização açoriana como essa celebração se perpetua no litoralcatarinense, o Núcleo de Estudos Açorianos da Secretaria de Cultura da UFSC participa do VI Congresso Internacional das Festas do Espírito Santo com uma palestra e a exibição de um documentário sobre a práticado ritual. O congresso ocorre em Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores, de31 a2 de junho de 2012.
Do peditório e das novenas, à coroação do plebeu e aos cortejos, a Festa do Divino Espírito Santo é a expressão mais viva do misticismo cultural açoriano, onde o sagrado e o profano se encontram e onde as classes sociais se igualam por pelo menos três dias. Criado pelo próprio NEA, em Florianópolis, no ano de 1999, o Congresso Internacional das Festas do Espírito Santo foram realizados na seqüência em Açores;em Porto Alegre, no Brasil e na Califórnia, nos Estados Unidos, com uma periodicidade bianual e deve retornar a Florianópolis dentro de dois anos.
No congresso, o historiador e coordenador do NEA, Joi Cletison, falará sobre a experiência do Núcleo na recuperação da memória das Festas do Espírito Santo na cidade de Sombrio a partir da promoção da 18º Festa da Cultura Açoriana de Santa Catarina (Açor), em outubro de 2011. Como atividades preparatórias para a realização do Açor, o NEA promoveu palestras, encontros e debates em todas as escolas do município de Sombrio, motivando a comunidade para a preservação e valorização da herança açoriana. A partir daí, os alunos da Escola Municipal Nadir Bratti recuperaram junto a seus pais e avós a memória da Festa do Divino Espírito Santo, que não era mais realizada desde a década de 60. “Através desse trabalho, conseguimos rearticular um grupo de Folia do Divino, com a promessa de que a festa voltará a ser realizada no próximo ano”, conta Cletison. O resultado final será mostrado na palestra: um conjunto decartilhas individuais ilustradas pelos estudantes relatando a história coletada com os antepassados.
Já na cidade de Garopaba, também no litoral catarinense, a comunidade do Morro da Encantada realiza a novena para o Divino Espírito Santo há dezenas de ano dentro de um engenho de fabricar farinha de mandioca. Essa experiência religiosa e cultural cercada de mistérios será apresentada pela estudante de sociologia da UFSC e de Nutrição da Unisul Jeovana Tatiana Kviatkoski. Tatiana também vai representar Santa Catarina no evento com a exibição do documentário “Sancti Spiritus in vias Encantadas”, de 18 minutos, que ela dirigiu para o NEA, com participação de Cletison na pesquisa. “Durante a condução do ritual, o rezador usa termos de um português arcaico e reza vários trechos em latim”, relata Tatiana, pesquisadora entusiasta dessa manifestação e autora de diversos outros documentários sobre a cultura açoriana.
Para as comunidades açorianas mais tradicionais, a Festa do Divino é um acontecimento religioso tão ou mais importante que o próprio Natal. O vídeo mostra os objetos utilizados pelos festeiros durante as celebrações e os cortejos, como as alfaias que cobrem a imagem do Espírito Santo, a coroa, o cetro, a salva, a bandeira, bordões, velas, estandartes, além dos instrumentos musicais, como o tambor e a rabeca, usados nascantorias do Divino. Tantoem Santa Catarinaquanto nos Açores, as festas são realizadas no mês de junho, em comemoração ao Petencostes (cinqüenta dias após a ressurreição).
A riqueza da indumentária, dos trajes de imperadores-mirins, e a ostentação da Bandeira do Divino Espírito Santo, o maior símbolo da manifestação, expressam bem a importância simbólicadessa cerimônia, que dura 50 dias, incluindo os rituais preparatórios e três dias de festa propriamente dita. Tudo inicia com as novenas preparatórias, o peditório da passagem decasa emcasa das comunidades e irmandadescarregando a imagem do Espírito Santo. O ritual prossegue com os cortejos,cantorias, missas, os leilões de prendas arrecadadas, bailes, folias e comilanças até a coroação do plebeu e a eleição do festeiro para organizar o evento do ano seguinte.
ORIGEM HISTÓRICA
Criada pelo abade Joaquim de Fiori, a Teoria do Espírito Santo, que deu origem a esse ritual, foi introduzido no século XII, na Itália. Como a celebração fracassou em sua terra natal, o religioso a trouxe para Portugal. O ritual herdado dos açorianos passou por muitas atualizações, como a cobrança dos pratos e quitutes produzidos pela comunidade em favor da Igreja. “Em Açores, toda a comida arrecadada continua sendo distribuída graciosamente como símbolo de celebração e partilha do alimento”, diz Cletison.
No arquipélago dos Açores, as esculturas comestíveis de partes do corpo (mãos, pés, braços, cabeça, coração) que são oferecidas pelos beneficiados de uma graça divina em gesto de retribuição são moldadas em alfenim, uma mistura doce feita de açúcar, trigo e limão. Já no litoral catarinense, os moldes ganham corpo em massa sovada de pão.
Tanto lá quanto cá permanecem elementos marcantes, como a coroação do plebeu, o ponto alto da festa, quando um religioso transfere para alguém da comunidade a coroa, pela qual recebe o poder real e divino de mediar o destino do seu povo. O gesto significa que a comunidade não precisará de um monge nem de um sacerdote para guiá-la, pois as hierarquias foram suspensas e todos estão em condições de igualdade em um momento de conflito bélico, por exemplo, o que lembra muito os rituais pagãos do Carnaval.
Raquel Wandelli
Jornalista na Secretaria de Cultura da UFSC (SeCult)
99110524 e 37219459