PENINHA: a referência da Cultura Popular da Ilha de SC.
Quando Gelci José Coelho descobriu as artes e a literatura ele abriu um mundo de possibilidades para expressar a sua visão de um mundo de cores, alegrias, vivências, e de tradições.
Numa das suas primeiras “viagens” à Capital do Estado de SC ele reconheceu que os seus sonhos e desejos poderiam se concretizar em experiências culturais autênticas e imaginárias, e que a vida cultural é possível, basta acreditar nas suas formas de expressão.
Gelci José Coelho “Peninha”, desde que começou o seu curso de História na UFSC, foi incansável na busca das manifestações culturais da Ilha de SC. Como servidor da UFSC, quando iniciou as suas funções trabalhando no Departamento de História, sempre se dedicou às coisas da cultura e das suas formas de expressão. E quando finalmente se encontrou com o universo dos Museus, atuando no então Museu de Antropologia da UFSC – atual MArquE, ele se lançou para um convívio com a Cultura Popular, sendo um aprendiz do fazer cultural acompanhando Franklin Joaquim Cascaes em tudo. Afinal, ele descobriu na prática de Cascaes a sua própria vida cultural.
Peninha foi o precursor da Museologia em SC. Foi aluno do Curso de Especialização em Museologia na USP, e foi responsável em disseminar os seus conhecimentos na disciplina de Tópicos Especiais: Introdução à Museologia, oferecida pelo Departamento de História (nos anos de 1980).
Ao lado do seu inspirador e amigo Cascaes, Peninha conheceu o universo mítico, mágico, e imaginário da Ilha de SC.
O legado de Cascaes é obra de Peninha!
Peninha lutou para que a produção cultural de Cascaes ficasse aqui na UFSC. Ele integrou os trabalhos de criação do Núcleo de Estudos Açorianos – NEA/SECARTE/UFSC, e foi um dos maiores animadores e provocador das ações de valorização da Herança Cultural Açoriana em SC, e no mundo.
Nas ações em favor da Museologia em SC ele integrou o grupo de trabalho para a criação do Núcleo de Estudos Museológicos – NEMU, que se tornou uma referência nacional em termos de formação continuada em Museologia.
Como artista plástico, Peninha vivia sem limites para a criação e expressão. Ele foi o criador e maior incentivador do Palhostok – festival de rock realizado em Palhoça (1974). Viveu as experiências de visitar muitos museus em sua permanência em São Paulo, acumulando desejos de ver Santa Catarina se expressando como um espaço de liberdade artística e cultural.
A sensibilidade de Peninha em perceber as manifestações populares como expressões da vida das pessoas lhe confere o título de referência da Cultura Popular de Santa Catarina, pois ele viveu intensamente, e ativamente, todas as possíveis formas de expressão da arte e da cultura.
Estamos, nesta data de 16 de março de 2023, assistindo a chegada de Peninha ao paraíso do convívio dos elementais do nosso imaginário ilhéu. Certamente que ele será recebido com grande alegria por todas as pessoas que já fazem parte de grande Baile Místico da nossa Cultura Popular.
Francisco do Vale Pereira
Coordenador NEA/SECARTE/UFSC